Não se recordavam mas, este era a ultima noite que Scarlet
iria permanecer na cidade. Depois de amanha de manhã Scarlet iria partir para
Standford para continuar a exercer o trabalho. Quando estavam juntos o tempo
parecia inexistente. Scarlet e John estavam os dois na mesma, no mesmo momento
e sentimento. Ambos se amavam e ambos se queriam. Scarlet e John. John e
Scarlet. Tudo e nada. Apôs a conversa que tiveram, as palavras que ditaram e os
sentimentos que trocaram, dormiram juntos virados de costas de um para o outro
mas era quase como se não o tivessem. John respeitava-a e ao mesmo tempo
queria-a. Scarlet queria mas sabia que não devia. Scarlet adormeceu pois o
efeito da bebida assim o ditava. John virou-se mas só conseguia observar as
costas de Scarlet. Nessa altura Scarlet virou-se involuntariamente, durante o
sono, como se algo o tivesse ouvido e tivesse decidido que era assim que as
coisas deviam de ser. Observou-a por uns minutos e pensou – “Talvez tenha sido
este o sentimento que o pai sentiu pela minha mãe. Como pude eu acabar algo tão
belo e romântico? Como pude eu terminar algo genuíno e fascinante? O que me
aconteceria se este alguém desaparecesse para sempre? Total solidão e
escuridão. Eterno desespero. Finalmente acabou por adormecer deixando por
responder estas perguntas.
Na manhã seguinte quando acordou já lá não estava Scarlet.
Ficou um pouco preocupado e levantou-se. Algo lhe atraiu o olfato. Foi até á
cozinha para encontrar Scarlet a cozinhar bacon com ovos, feijão e a fazer sumo
de laranja. Já á muitos anos que não lhe cozinhavam seja o que fosse. Desde a
morte da mãe… Ficou feliz mas ao mesmo tempo triste pois trazia-lhe recordações
de quando a sua mãe ainda era viva e lhe cozinhava. Foi ter com Scarlet,
agarrou-a por trás e deu-lhe um beijo na bochecha, acompanhado por um “Bom dia
Scarlet”. Scarlet virou-se, colocou os braços à volta do pescoço de John e
deu-lhe um beijo na cara. “Bom dia John” – respondeu ela. John sentou-se, já
com a mesa posta, e Scarlet serviu-lhe o pequeno-almoço. Comeram o
pequeno-almoço, que do ponto de vista de John estava cinco estrelas, e, de
seguida, Scarlet informou que já estava um táxi á espera dela á porta do
apartamento. “Desculpa-me John mas o meu avião parte de aqui a uma hora e tenho
que ir buscar as minhas malas ao hotel” – disse Scarlet. John ficou um pouco
triste ao lembrar-se de que Scarlet se iria embora naquela manhã mas aceitou-o.
John agradeceu-lhe a companhia e o pequeno-almoço. À saída John deu-lhe um
colar e disse-lhe – “Este colar pertencia á minha mãe, por favor usa-o”. “Claro
John, obrigado” – respondeu Scarlet com um enorme sorriso na cara. Deram um
abraço e despediram-se um do outro com um “Até logo”. Embora não o tivesse dito
por palavras o sorriso de Scarlet transmitiu tudo aquilo que na cabeça dela
estava naquele momento. Um enorme sentimento de honra e de confiança. Sentiu-se
importante e amada. Sentiu-se viva.
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