terça-feira, 18 de novembro de 2014

...
Chorando e gaguejando Scarlet perguntava a John o porque de ele fazer o que estava prestes a fazer. Perplexo John sentou-se, ainda agarrado a Scarlet, limpou as lágrimas e explicou-lhe. "Não tenho motivo para viver. Até hoje tudo o que me era querido desapareceu. Tudo por minha culpa. Fui irresponsável e os meus actos levaram à morte de quem eu mais amava.". Scarlet não quis insistir no assunto pois sabia o quanto doloroso era para John falar neste assunto. Afinal de contas nunca o tinha feito. Scarlet olhou-o nos olhos e disse - "Ainda não desapareceu. O sentimento que por ti tinha ainda reside em mim. Uma chama protegida do vento que sopra em volta das nossas vidas. Permanece intocada. Quando te vejo assim, quando te via assim, simplesmente sofro. Dizes que não tens motivo para viver. É mentira. Ainda me tens a mim. Eu nunca desisti de ti. Sempre esperei poder um dia encontrar-te e dizer-te tudo aquilo que queria ter-te dito. Não sei o que passaste mas quero que saibas que estou aqui para ti quando precisares". Emocionado, John, deu-lhe um beijo. Agradeceu-lhe as palavras de carinho, levantou-se e puxou-a para cima. "Vamos dar uma volta" - disse ele. Caminhando sem destino falaram sobre a vida que ambos tinham. Scarlet era agente de viagens e por isso voava regularmente para outras cidades. Ainda vivia na mesmo cidade na qual se conheceram. Uma pequena cidade chamada de Stanford. Morava sozinha. Ambos sentiam uma grande necessidade de estar um com o outro. Embora as circunstancias actuais não o permitissem estavam determinados em se encontrar num futuro não muito longe. Scarlet disse-lhe para a visitar se quisesse. No sítio que só eles sabiam. Scarlet ia ficar mais um dia em New York antes de voltar para Stanford. Contra o seu próprio feitio John convidou a jantar em sua casa no dia seguinte. Assim ficou combinado. Amanhã às 20:00 na sua casa. Acompanhou-a ao hotel onde Scarlet ficava e na despedida Scarlet disse-lhe - "Não pensas que te escapaste de receber uma prenda minha. Eu sei que hoje é o teu dia de anos. Parabéns John". Inclinou-se para a frente e deu-lhe um beijo na boca. Através do beijo sentiram o calor de ambos os corpos. John agarrou-a pela cintura e retribui-o o beijo. Com o hálito ainda a cheirar a whisky, John sentiu-se incomodado. Parou o beijo e disse - "Até manhã então Scarlet". "Até manhã John, gostei de te ver. Ah! E vê-se fazes algo em relação ao teu hálito". Partilharam uma risada e John apanhou o táxi para casa. Ao chegar a casa John encostou-se à parede da entrada, totalmente embriagado e cansado. Pensou no acontecido e estranhamente sentiu-se feliz. A data que ele tanto odiava passou a ter um significado positivo. O dia em que a mulher que amo se confessou a mim. O meu primeiro beijo. Riu-se e adormeceu. Hibernando e viajando cada vez mais para o interior do seu sono, John teve um sonho. De novo, via-se no abismo. Ia cair mas algo o agarrou e no seu lugar foi. Algo trocou de lugares com ele e caiu no seu lugar. Ouviu dois gritos. O do seu pai e da sua futura falecida mãe. "John o que é que fizeste!? Amor!... não pode estar a acontecer. AMOR!". Finalmente acordou. Uns minutos depois das nove eram as horas indicadas no seu relógio. Ainda com uma grande dor de cabeça e com algumas náuseas levantou-se e foi tomar duche para ir trabalhar. Ao chegar à empresa onde trabalhava todos o olharam de lado. Notava-se perfeitamente de que estava de ressaca. Roupa enxovalhada, desfraldado, e com olheiras. Ninguém ligou muito ao caso pois John nunca foi pessoa de conversas.
Após um dia de trabalho John foi ao supermercado comprar um vinho, velas e um ambientador. A sua casa estava um pouco desarrumada e cheirava a tabaco. Chegou a casa, limpou-a,usou o ambientador, pôs a mesa e o jantar a fazer. Não fumou pois lembrou-se do que Scarlet disse em relação ao seu hálito. Combinou ir busca-la e assim o fez. Meteu-se no carro e lá foi ele...

Sem comentários:

Enviar um comentário