domingo, 1 de junho de 2025

a estrada


matreira,

guia desordeira,

um passo para a frente,

passo para trás,

e,

caminho descalço,

por este caminho pavimentado.


uma reta,

com dois sentidos,

vou e venho,

para a frente,

para trás.


sorriso disfarçado,

cara escondida,

máscaras finitas,

escondem lágrimas infinitas.


o choro,

que ninguém escuta,

ou,

o grito,

que ninguém vê.


sobrevivo,

não vivo,

morto-vivo.


se pudesse, por palavras,

expressar o conteúdo do meu ser,

talvez não fosse o que sou.


talvez fosse o ser que sempre fui,

aquele ser que nunca mostrei,

não por medo,

nem vergonha,

mas, sim, por não saber sê-lo.


a verdade omitida,

comunicada no silêncio,

pode ser interpretada como mentira.


se pudesse existir verdade no mentiroso,

não faria sentido existir verdade nem mentira.


se pudesse, eu, ignorante,

imundo, sujo,

desumanamente nojento,

amar,

já o teria feito.


amar requer alma,

essência e empatia.


e, eu, carrego nada.

sou nada.


nado no vazio,

enquanto vou caindo,

pelo abismo que é o pensamento.


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