segunda-feira, 14 de abril de 2025

retornar de onde nunca estive fez com que acreditasse no impossível. o cheiro a nada ou até mesmo o toque de quem nunca foi o que pensei ou imaginei. o abrir da cortina do meu quarto deixou de fazer sentido pois quando acordo o sol já dorme. com o decorrer do tempo, habituei-me à solidão, ao que é frio e ao silêncio que vivo antecipadamente. na vida encontrei tudo. tudo aquilo que não queria. tudo menos o que desejava. as armadilhas posicionadas meticulosamente sobre os tapetes que saudavam os visitantes, da minha casa, sempre cumpriram o seu propósito. ao manter longe de mim aqueles que me tentavam agarrar, assegurei que não retardava mais a morte e, pelo contrário, a cumprimentava de braços abertos. 


entre linhas ou no meio de uma sandes, podemos encontrar o conteúdo do espírito. vasculho em busca de algo palpável as gavetas que guardam as memórias do que fui e do que ousei esquecer. talvez ao reviver o que fui possa redescobrir-me. quem sabe, talvez venha a compreender o porquê de certos traços e comportamentos. traço nas páginas, vazias, linhas que circulam ciclicamente os mesmos hábitos. respiramos não tanto por querer mas porque não somos nós que mandamos nem mesmo em nós mesmos. vivemos sobre a ilusão de que somos condutores de carros que, por vezes, agem de forma autônoma e involuntária. se autônomo e involuntário pudesse um caro ser que evidências necessitamos mais para aceitar a realidade que nos é comum?



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