contigo aprendi a ser o que fui, sem saber que era. amar é tanto uma arte como um estilo de vida e, contigo, amar foi não só um poema mas sim todos os poemas que alguma vez escrevi. a minha vida começou a partir do momento que te ouvi falar. ouvia sem prestar atenção ao que falavas, ouvia sem julgamento e ouvia, também, juntamente com as melodias que produzias, o bater de um coração que já mais tinha batido. foi, portanto, o começo da minha vida o momento em que apareceste.
estranho é estar e ser-se presente mesmo quando se está ausente, sentir o calor do toque da neve, gelada, na ponta dos dedos ou sorrir durante o choro, amargo, numa despedida temporária. sei, agora, que o que pensei ser um adeus sempre foi um até logo. sei, agora, que até mesmo no silêncio e na solidão podemos encontrar conforto. ouvi dizer, bastante, durante o tempo que vivi, que a vida é uma escola. se a vida é uma escola, que seja a única que frequente, eternamente. que seja a vida a escola? talvez assim o seja. mas, qualquer escola precisa de gente. na escola, que é a vida, tu és a professora e eu o aluno.
sabe que, mesmo quando me for, permaneço contigo. não só eu, henrique, mas tudo o que represento. sabe que todas as letras, palavras e frases advêm do sentimento que respiro. sentimento este que me alimenta, renova e me dá esperança. és, para mim, como os raios de sol que me fazem sentir o calor de um abraço ausente de corpo. abraças-me a alma, embalas o meu espírito, seguras e levantas-me do solo. sou como as folhas que caem das árvores e, mesmo sabendo que estou a morrer, fazes-me voar.
voar sem destino é talvez o destino de qualquer ser que voe. porquê restringir algo livre, belo e genuíno? mesmo sabendo que indesejado é o sentimento, que descrevo, agarro-o. talvez, para ti, isto seja algo que não entendas... talvez, para ti, isto seja só uma fase. e sim, talvez assim o seja. certamente também o será a própria vida. a vida é apenas uma fase. um caminho que nos leva a todo o lado e a lado nenhum. no meio de tanto sentido existe muita incerteza. e, até na certeza, podemos encontrar dúvida. o que é certo é que nada é certo. nada, ninguém nem mesmo o meu amor.
todas as chamas acabam por desvanecer com o tempo. somos, comparativamente ao universo, pequenos. tão pequenos como um grau de areia num deserto. insignificantes na nossa certeza de que somos algo, que somos importantes e o centro de tudo. sei tudo isto e muito mais, mas, no entanto nada disto me importa. o que é verdadeiramente importante, para mim, é que continues a ser o que és. um sol, não só meu, mas de todos. acima de tudo, sê tua. mais do que de alguém ou até mesmo mais do que todos. pois, quando o sol morrer, eterna escuridão é que resta.
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