palavras inacabadas
prédios sem escadas
muros sem cimento
tornado sem vento
profecia enigmática esta que revivo
não me sinto nem morto nem vivo
na partida do sol para outro universo
atiro-me para o espaço
garganta presa e sem ar
encontro-me totalmente imerso
no vazio de um falso abraço
movimento recorrente e circular
destino que hei de realizar
chuva carregada de ódio e sangue
futuro de quem Deus zangue
cruz nas costas irei carregar
sou o fogo que arde os teus pés
sou a água que salvou Moisés
sou o vento que levanta casas
ira que me arrasas
pergunto-me se tens fim
futuro sem mim
porque me trazes conforto?
apenas para me iludir? queres-me morto?
talvez as vozes tenham razão
talvez deva abandona-la, vida mentirosa
dás para tirar, preso na tua ilusão
campa de cemitério sem rosa
vida de quem nunca foi amado
vida de quem foi enganado
parabéns universo, fodeste-me bem
faço-te uma vênia, aceito o que vem
dava tudo para agarra-la
aquela que roubou o que me era mais precioso
esperança que partiu na sua ausência
dava tudo para reconforta-la
despeço-me do meu eu orgulhoso
incontrolável impertinencia
visões rasgadas e esquecidas
são essas as coisas mais apetecidas
no final do verão se não o fizer
certificar-me-hei de que nunca mais o farei
abraço a inercia inerente do não acordar
que seja o que ele quiser
aquele que é omnipotente, a sua vontade cumprirei
abismo quente e rochoso, serás o meu novo lar
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