ruas pavimentadas,
degraus de escadas,
paredes grandes, paredes inabaláveis,
janelas, vidros impenetráveis,
calçada descalça,
cinto sem calça,
câmara grava cada movimento,
desde embrião a pinto,
ovelhas ordenam formigas,
no final são todas amigas,
palavras omitidas,
imagens refletidas,
é o caos, é o fim,
colheita do rim,
é o destino,
é o desaparecer do menino,
natureza profanada,
mãe desesperada,
a tua beleza é um engodo,
flor carnívora de bonitas cores,
preso no lodo,
chuva constante nos açores,
chuva que refresca a mente,
sigo em frente,
estrada sem retorno,
planeta deixado ao abandono,
vidros estilhaçados cortam-me os pés,
respiro fundo, conto até dez,
elevo-me, recomponho-me,
refresco-me, impulsiono-me,
casa só com portas fechadas,
moro cá dentro,
memórias encontradas,
preso no seu centro,
as marés sobem,
abrigo inundado,
visões que me fodem,
estou trancado,
trancado no meu armário,
cheio de monstros e sombras,
sou um peixe num aquário,
odeio-te, passado que me assombras,
canto canções de melancolia e desespero,
talvez seja tudo um exagero,
talvez seja tudo um pesadelo,
carta que aguarda a abertura do selo,
deita-me num mar de rosas,
lê-me as tuas prosas,
fecha-me a pestana,
faz-me a cama.
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