quarta-feira, 29 de novembro de 2023

coisas incertas,

tão incertas como a própria certeza,

mas não tão incertas assim,

ou, talvez, coisas que nem coisas chegam a ser,

por chegar prematura a morte do que nunca viveu.

se a grandiosidade fosse algo alcançável, para mim,

acredito que nunca o alcançaria.

não por falta de oportunidades,

nem por falta de tentativas,

simplesmente porque nem sempre o que é alcançável,

é alcançado.

encontro-me confuso.

tão confuso que já nem sei saber,

até mesmo o que sempre soube,

o que sempre me foi real e verdadeiro.

a maré sobe dentro do meu pensamento,

ocupando a minha mente como um parasita,

sufocando a minha língua já ausente de palavras.

penso, tento-me expressar.

falho, caio e grito.

ouvir coisas incapazes de produzir som,

ou ver algo transparente,

faz com que acredite no inconcebível. 

o surreal tornou-se real.

o fictício molda a realidade.

se sou o que sou em momentos delirantes,

preferia ser alimento para as minhocas.

incapaz até de me lembrar do que faço,

ausente da noção de mim mesmo.

atiro areia para os olhos,

para que não veja nem o que crio. 

sábado, 16 de setembro de 2023

fascinante seria o término,

o desvendar de um grande mistério.

se nas ruas, molhadas, encontrares conforto,

não temas.

o cair das lágrimas não me entristece.

não.

nem mesmo a ausência de propósito ou vontade.

entristece-me sim a morte do que não deveria ter fim,

ou a vida de algo que nunca deveria de ter existido.

o prazer de coisas corriqueiras cessou,

a dor tornou-se constante e permanente.

dia após dias, as perguntas vão acumulando,

o descontentamento aumenta,

os meus olhos secam.

acredito que todo o mundo tenha uma função,

talvez a minha seja não ter função.

talvez, não ter função seja útil para os demais,

pois tudo o que toco corrói,

tudo o que piso quebra,

e tudo o que amo parte.

a vida nem sempre compensa,

especialmente para aquelas que não vêem mais sentido na dor,

no sofrimento e na angústia inevitável que é respirar.

olho em meu redor, vejo pessoas,

vejo monstros.

no meio do lixo podemos encontrar coisas preciosas,

e dentro do mais belo baú podemos encontrar nada.

não vou mentir, a vida é uma surpresa,

a vida dá mais voltas que a terra já deu ao sol.

o pouco conforto que encontro deve-se à minha cadela,

ao abanar da sua preciosa cauda,

e da forma como ela olha para mim,

quase como se me entendesse. 

mesmo não percebendo o que lhe digo,

ela esforça-se para me agradar,

acredito que nunca encontrarei ninguém neste mundo assim.

leal, amiga e tão cheia de afeto.

sei que nada é eterno,

nem eu, nem ela, nem ninguém.

tudo e todos têm prazo de validade.

sempre que acordo, acordo desiludido,

desiludido por ter acordado,

apenas para sofrer mais um dia,

mais um de muitos dias em que só conheço sofrimento.

nem sempre encontramos a verdade no real ou, até mesmo, no verdadeiro.

só encontramos a verdade das coisas quando fechamos os olhos,

e deixamos de ouvir o que nos rodeia.

hoje em dia, sempre que escutou alguém, penso:

"quando é que vou encontrar alguém que entenda?".

provavelmente nunca encontrarei tal pessoa e,

muito provavelmente, esse pessoa nunca me irá encontrar.

estou só. única e exclusivamente só.

sozinho num mundo cheio,

sozinho numa galáxia preenchida do vazio que me mata,

todos os dias, de forma dolorosa e silenciosa.

odeio-me, desprezo-me e espero que a paz não tarde a surgir.


domingo, 27 de agosto de 2023

estou cansado,

incrivelmente cansado.


acordo, todos os dias,

apenas para viver mais um desses dias,

iguais.


todos iguais,

extremamente e repetidamente entediantes.

as canções já não me tocam,

a sinfonia morreu.

eu, juntamente com a sinfonia,

encontro-me morto também.


as paredes são minhas confidentes,

com elas falo até de madrugada,

se o sonho não passa de uma utopia,

não quero mais amar,

não quero mais sofrer.


o branco tornou-se preto,

o brilho foi engolido pela escuridão,

sou só mais um peão,

num jogo elaborado de chadrez.


a tormenta parece ser cíclica e infinita,

o meu coração, já fraco e sem sangue,

bombeia pela ultima vez.


as flores murcham, 

os pássaros já não cantam.


veio a chuva e com ela a tempestade,

os meus pensamentos foram invadidos,

invasão inexplicável e assediante,

danço para o vazio, 

danço ao som do silêncio,

danço,

só,

desconsolado e exposto.


a razão para as coisas cessou de existir,

respiro por necessidade e não de livre vontade.


sou vítima de mim próprio,

sou agressor ao mesmo tempo,

sou tudo aquilo que não quero ser,

mas que sei que sempre serei,

sou somente eu,

homem, adulto inútil,

filho egoísta,

amigo interesseiro,

amante que nunca amou.


sim, sou tudo isto e muito mais,,,

sou isto e aquilo,

aquilo que causa medo,

aquilo que afasta e divide.


sou um lobo disfarçado de carneiro,

um assassino precoce.

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

se na mágoa encontrar conforto, acorda-me.

sonho sonhos que me atormentam,

explica-me,

a razão pela qual acordo.


sombras que se movimentam,

sem um corpo por detrás.


aguento, fermento e expludo,

coisas que só a ansiedade me faz,

fazer mesmo sem querer,

mesmo sem me aperceber.


a solidão é como comido para a minha depressão,

passado anos e anos não pratico nenhuma ação,

limito-me a respirar, comer e dormir,

tenho medo de não conseguir,

deixo de tentar,

paro de rezar.



domingo, 9 de julho de 2023

hoje apreciei mais um dia solitário,

mais um de muitos dias solitários,

o meu propósito continua precário,

os motivos que me levam a perder são vários.


se o que sinto não é suficiente,

ou se sentir não me for natural,

questiono o porquê de permanecer crente,

a uma ideia que me é anormal.

segunda-feira, 3 de julho de 2023

se aprendesse com o correr do tempo talvez mudasse uma coisa ou outra, quem sabe, talvez mudasse muito... tenho vivido a vida como um verdadeiro inútil e, se negasse a repudia que por mim sinto, seria não só um inútil mas também "cego". cegueira não por me ser impossível ver mas sim por escolher fechar os olhos. cada dia que passa, as portas vão se fechando e a chama vai desvanecendo. surgem novos problemas cujas soluções não consigo encontrar. gostava de dizer com certezas que sou o que sou porque assim o escolho mas, honestamente, temo não ter mais certezas de nada. 


quando se fala de depressão poucos entendem verdadeiramente do que se trata esta condição. abstenho-me de falar do meu entender desta matéria como alguém que estudou parcialmente a depressão. gostava de falar deste tema como alguém que sofre de episódios depressivos recorrentes e que tem batalhado com a depressão desde jovem, mesmo após mais de dez anos a fazer terapia sinto que estou na mesma. 


não culpo ou responsabilizo ninguém pelo que sinto ou por como me sinto. se culpo alguém por ainda me estar a afundar nas minhas lágrimas esse culpado sou eu.


acordo todos os dias apenas para viver um dos muitos dias que já vivi neste inferno que é a vida. desisti de mim e as poucas coisas que ainda faço só as faço porque essas coisas são importantes para alguém que me é querido. se me questionar o porquê de ainda cá estar a resposta é tão clara como a água. vivo pois nem mesmo na morte encontraria o sossego que procuro.


penso na morte. penso em morrer. e sim, por vezes elaboro planos para o concretizar. feliz ou infelizmente tenho a minha mãe que me impossibilita de tomar o derradeiro acto de egoísmo que seria o meu suicídio. quem sabe quando todos os outros desaparecerem ou se fartarem de mim e nada me prenda a este mundo consigo partir sabendo que ninguém sentirá a minha falta.


por vezes penso em afastar tudo e todos para que esta "transição" da morte fosse mais fácil para os demais. são tantos anos a tentar e a tentar e para que? cada vez sinto menos... 

sábado, 10 de junho de 2023

a tempestade invade a minha casa.

uma vez mais, a raiva consome-me.

quando penso que pouco sinto,

volto a sentir em excesso,

pois cada pessoa é um poço de desilusões.


pouco me interesso por pessoas,

são poucas as que ainda me cativam.

os anos passam, as folhas caem e, juntamente com elas,

cai também a expectativa que tenho dos outros.


se a esperança é a ultima a morrer porque é que o meu coração ainda bate?

esperança é algo que não vejo, não sinto nem respiro,

esperança não passa de uma palavra bonita que retrata apenas uma coisa. insanidade.


quando caímos muitas vezes. perdão. quando caímos demasiadas vezes,

esperança deixa de fazer sentido.

para quê acreditar em algo se tudo corre mal?

para quê tentar se fracasso em tudo?

por muito que tente, as pessoas são só isso. pessoas.


amigos, família ou qualquer outra coisa. todos desiludem. todos falham.

cada dia que passa sinto a distância a aumentar entre mim e tudo o resto.

sinto-me cada vez mais isolado. cada vez mais alienado.


sou burro e estúpido por acreditar nos outros.

ainda mais burro e estúpido sou por perdoar e tentar de novo.

grande parte se não todas as pessoas não merecem nem metade do que lhes ofereço.


talvez quando parta se apercebam do que perderam,

ou talvez nem dêem conta que parti.

pouco me importa já.

quero dormir. quero dormir o tão desejado sono eterno.

terça-feira, 23 de maio de 2023

saudade

se o que por ti sinto fosse passageiro. ó, se passageiro fosse este sentimento talvez já tivesse aprendido o que era amar sem sofrer de saudade.

quem ama com saudade morre de saudade. esta é a verdade mais certa e genuína entre todas as verdades certas e genuínas.

quando te vejo renasço e, quando renasço, volto a acreditar. perigoso sentimento este que faz de mim querer. quando quero, quero sempre um pouco mais. 

se a certeza está associada à verdade, então o que sinto por ti é tão verdadeiro como o nascer do sol. curiosamente, quando o sol nasce, a minha mente leva-me a ti. tu és o vento que me leva e eleva que me guia e que me salva.

os anos passam, o cabelo vai ficando branco, a paciência começa a diminuir, mas, no entanto, o que sinto por ti continua a crescer. ao contrário do cabelo que vai perdendo a sua cor, o que sinto por ti aparenta não ter fim. o que sinto por ti não é o fim mas sim o inicio de algo que começou quando os meus olhos se cruzaram com os teus pela primeira vez.

acredito neste sentimento como quem acredita que o tempo é finito, pois sei que tudo o que começa acaba. não creio que isto acabe enquanto respirar mas, quem sabe, quando partirmos ele cesse de existir. 

não temo o termino do sentimento pois sei que mesmo esse fim será o inicio de outros sentimentos. quem sabe, sentimentos que nos unam noutra vida ou até em todas as possíveis e futuras vidas que nos aguardam. 





sexta-feira, 14 de abril de 2023

I know it is not my place to worry,
But just like a thought that lingers,
I can't seem to cast this feeling aside.
Everyday that goes by,
I wonder if you're alright,
If you are eating well,
And if you miss me like I miss you.

I wake up just to find you are not there anymore,
My days became nights again,
And, slowly, I start to accept the darkness that surrounds me.
Not knowing what you are going through,
Being unable to support or help.

Those things remind me how useless I am,
And how little to no consequences my actions have.
I am just one of many lost souls that wander with no purpose,
And with every new dawn I feel more drawn to the void that awaits.

I wanted to be your friend,
I wanted to help you laugh,
And, even if just by a little, I wanted to make life brighter.

This sucks. 
I keep hurting, crying and despairing.
I never even got the chance to tell you how I feel.
I guess the night is dark and full of dangers,
And, after all this time, it is the only place I belong.

quarta-feira, 12 de abril de 2023

 se a vida me desse algo,


se a vida me desse algo para além de isto,


não escreveria de madruga,


não escreveria de todo,


porque só quem escreve sabe,


e somente os que sabem desejam não saber,


a amargura e o desgosto inerente a cada palavra.


dei por mim a falar com paredes,


literalmente. falei com paredes,


ou melhor, elas falaram comigo,


eu limitei-me a responder.


nem sei quanto tempo passou,


segundos? talvez até minutos,


mas, felizmente, não durou assim tanto.


senti uma mão a tocar-me no ombro,


e voltei à realidade.


porque me esticou a mão? questionei,


quando estou cá prefiro não estar,


e quando não estou não sou,


mais aquele que chora sobre leite derramado.

segunda-feira, 10 de abril de 2023

Sometimes I feel hopeless. Most of the times actually. Everyday seems a repetition of the day before. Every flower has the same smell and, no matter how many bodies I end up touching, they all feel the same. No matter what I chose to do, nothing changes.


sábado, 18 de março de 2023

Your body is a canvas.

my hands, wrinckled and old,

are brushes used solely to destroy,

but, to my surprise, whenever I touch you,

I create beautiful art.


Art is where I find joy,

and for me, you are the embodiment of perfection,

you are the unexpleinable, the unpredictable.


Wherever you go, I will follow,

Either in body or thought,

I'll be there, by your side, forever.

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Clouds cry poisonous tears,

I open my mouth and I drink them.


No poison can kill me,

Because I am poison incarnated.


I wish the voices would stop,

I wish that the shadows would dissapear,

But, no matter how much I try,

I fail.


I am not nothing, I am a lesser man.


God oh god,

Why have you forsaken me.

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