segunda-feira, 3 de julho de 2023

se aprendesse com o correr do tempo talvez mudasse uma coisa ou outra, quem sabe, talvez mudasse muito... tenho vivido a vida como um verdadeiro inútil e, se negasse a repudia que por mim sinto, seria não só um inútil mas também "cego". cegueira não por me ser impossível ver mas sim por escolher fechar os olhos. cada dia que passa, as portas vão se fechando e a chama vai desvanecendo. surgem novos problemas cujas soluções não consigo encontrar. gostava de dizer com certezas que sou o que sou porque assim o escolho mas, honestamente, temo não ter mais certezas de nada. 


quando se fala de depressão poucos entendem verdadeiramente do que se trata esta condição. abstenho-me de falar do meu entender desta matéria como alguém que estudou parcialmente a depressão. gostava de falar deste tema como alguém que sofre de episódios depressivos recorrentes e que tem batalhado com a depressão desde jovem, mesmo após mais de dez anos a fazer terapia sinto que estou na mesma. 


não culpo ou responsabilizo ninguém pelo que sinto ou por como me sinto. se culpo alguém por ainda me estar a afundar nas minhas lágrimas esse culpado sou eu.


acordo todos os dias apenas para viver um dos muitos dias que já vivi neste inferno que é a vida. desisti de mim e as poucas coisas que ainda faço só as faço porque essas coisas são importantes para alguém que me é querido. se me questionar o porquê de ainda cá estar a resposta é tão clara como a água. vivo pois nem mesmo na morte encontraria o sossego que procuro.


penso na morte. penso em morrer. e sim, por vezes elaboro planos para o concretizar. feliz ou infelizmente tenho a minha mãe que me impossibilita de tomar o derradeiro acto de egoísmo que seria o meu suicídio. quem sabe quando todos os outros desaparecerem ou se fartarem de mim e nada me prenda a este mundo consigo partir sabendo que ninguém sentirá a minha falta.


por vezes penso em afastar tudo e todos para que esta "transição" da morte fosse mais fácil para os demais. são tantos anos a tentar e a tentar e para que? cada vez sinto menos... 

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