quarta-feira, 12 de abril de 2023

 se a vida me desse algo,


se a vida me desse algo para além de isto,


não escreveria de madruga,


não escreveria de todo,


porque só quem escreve sabe,


e somente os que sabem desejam não saber,


a amargura e o desgosto inerente a cada palavra.


dei por mim a falar com paredes,


literalmente. falei com paredes,


ou melhor, elas falaram comigo,


eu limitei-me a responder.


nem sei quanto tempo passou,


segundos? talvez até minutos,


mas, felizmente, não durou assim tanto.


senti uma mão a tocar-me no ombro,


e voltei à realidade.


porque me esticou a mão? questionei,


quando estou cá prefiro não estar,


e quando não estou não sou,


mais aquele que chora sobre leite derramado.

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