estou cansado,
incrivelmente cansado.
acordo, todos os dias,
apenas para viver mais um desses dias,
iguais.
todos iguais,
extremamente e repetidamente entediantes.
as canções já não me tocam,
a sinfonia morreu.
eu, juntamente com a sinfonia,
encontro-me morto também.
as paredes são minhas confidentes,
com elas falo até de madrugada,
se o sonho não passa de uma utopia,
não quero mais amar,
não quero mais sofrer.
o branco tornou-se preto,
o brilho foi engolido pela escuridão,
sou só mais um peão,
num jogo elaborado de chadrez.
a tormenta parece ser cíclica e infinita,
o meu coração, já fraco e sem sangue,
bombeia pela ultima vez.
as flores murcham,
os pássaros já não cantam.
veio a chuva e com ela a tempestade,
os meus pensamentos foram invadidos,
invasão inexplicável e assediante,
danço para o vazio,
danço ao som do silêncio,
danço,
só,
desconsolado e exposto.
a razão para as coisas cessou de existir,
respiro por necessidade e não de livre vontade.
sou vítima de mim próprio,
sou agressor ao mesmo tempo,
sou tudo aquilo que não quero ser,
mas que sei que sempre serei,
sou somente eu,
homem, adulto inútil,
filho egoísta,
amigo interesseiro,
amante que nunca amou.
sim, sou tudo isto e muito mais,,,
sou isto e aquilo,
aquilo que causa medo,
aquilo que afasta e divide.
sou um lobo disfarçado de carneiro,
um assassino precoce.
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