morto, nos sentimentos.
catatónico, em como me expresso.
prefiro não me recordar de certos momentos, determinados movimentos,
e este assunto, nem às paredes confesso,
porque sentir é sofrer, e sofrer é cair,
volto a cair sempre que consigo subir,
tenho arrepios quando penso em como era sorrir,
verdadeiramente, honestamente, alturas em que fui crente,
ocasiões onde amei perdidamente, onde o esforço foi insuficiente.
quando sou, sou na totalidade,
e quando me vou, ajo por conformidade,
à verdade, à realidade, ao meu destino,
ninguém salvou este menino,
e os chamados heróis e bondosos,
demonstraram ser pouco generosos,
as trocas, injustas, impuras,
as palavras, imaturas,
infantes mais idosos que velhos,
adultos que não passam de fedelhos.
ao ser o que fui, fui usado, constantemente,
e ao ser o homem que nunca mente,
perdi o presente,
perdi a esperança, perdi a capacidade de acreditar,
e nos momentos em que me faltou o ar,
só precisava de alguém para falar,
alguém que abraçasse com o corpo, que beijasse com a língua,
que não tivesse medo de transbordar água,
e que vivesse a vida,
a verdade nunca deve ser esquecida,
aprende-se a sofrer, tal como se aprende com o sofrer,
e a cada sofrer, há um erguer,
mas, em cada erguer, perco a vontade de viver,
a estrada parece não ter fim, e as luzes estão a dormir,
por isso, acabei por não sentir,
pois sentir até acontece a dormir,
é uma ferramenta que me é inútil,
enviesa-me o pensamento, nunca me é útil,
e a empatia, serve de alimento para a depressão,
não carrego só o meu peso no coração,
os fardos são divididos, mas os meus não,
ninguém os leva comigo,
nem mesmo quando estava contigo,
amor perdido para o tempo,
em cada relação surge um contratempo,
o verde torna-se vermelho,
no final, tudo vai no caralho,
e o caralho, fode tudo,
até quem é mudo,
e mantém a boca fechada,
pois a boca não é a única entrada.
as alturas em que assobio, pelas ruas tristes,
são as alturas em que mais me assistes,
pássaro tímido e curioso,
discurso assertivo e pouco mentiroso,
envolve-me na sua canção,
cenário que me abre a mão,
que me abre ao espiritual,
revejo uma vida animal,
onde sou o ator principal,
e aos poucos, vou me afastando,
relembro-me do grande Fernando,
e dos seus poemas imaculados,
por mim, serão sempre venerados,
pela sua astucia, pelo seu génio,
poeta do milénio,
amigo desconhecido,
coração conhecido,
exposto, por palavras, por ondas lineares,
dava-te os meus textos para brincares,
para os fazeres ouro literário,
texto não binário.
mas pronto, sou quem sou,
alguém que nunca se libertou,
das correntes, das prisões que são as recordações,
e a ti, pediria vários perdões.
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