Costumava ser um rapaz que não confiava em ninguém e que me escondia atrás das muralhas que construí ao longo dos anos. Costumava ser um rapaz que tinha medo das pessoas, medo de relações e medo de mim próprio. Ainda hoje sou o rapaz que era noutros tempos. Na minha vida ouve várias pessoas que conseguiram fazer com que subisse a muralha e espreitasse para o lado de fora, ouve alturas em que me magoei e ouve outras alturas que me senti feliz. Sempre que me magoava aumentava o tamanho da muralha e sempre que ficava feliz o tamanho da mesma diminuía. Ouve uma pessoa que destruí essas muralhas que construí ao longo dos anos e que me fez compreender a beleza do mundo exterior. Caminhei com essa
pessoa durante algum tempo mas eventualmente voltei à muralha, à muralha ainda destruída. Antes de começar a construí-la apareceste e mais uma vez fizeste com que saísse cá para fora. Assim fiquei, do lado de fora da muralha, solitário sem protecção e à tua espera. Tenho medo de te ter afastado ao dizer-te o que sentia, mas gostava que soubesses que se necessário posso voltar para a muralha e que volto a ser o rapaz que sou e que era. Dou valor à tua presença e diária companhia. Dou mais valor a isso do que à minha liberdade e felicidade. Sei que não estou feliz em estar cá fora. Sei que vou estar infeliz do lado de dentro por isso, se não queres explorar os cantos deste belo mundo comigo diz-me. Peço-te. Imploro-te que me deixes voltar para a minha concha e voltar a construir o que me separava da solidão. Basta dizeres-me-o e assim o farei. Espero por uma resposta... espero por ti.
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