domingo, 30 de março de 2025
a vida foge pelo espaço que existe entre os meus dedos. os dias viraram noites e as noites dias. o meu despertar já não é tanto um momento de apreciação mas sim uma maldição. tenho, por vezes, pensamentos obscuros. sonho, com os olhos abertos, pois já nem mesmo os meus pesadelos me assustam. se existe algo capaz de me assustar? sim. o que me assusta não é o quanto me resta de vida, mas sim a incapacidade de viver o pouco que me resta. sou grande na incerteza de que sou alguém de verdade. após criar tantas máscaras, não consigo recordar mais a minha própria feição. tapei, com ligaduras, os buracos por onde o meu sangue saia. talvez a minha existência seja um erro. talvez esta realidade inacreditável seja falsa. em momentos destes, a realidade não passa de uma concepção, criada não pela sua genuinidade mas sim pela necessidade que temos em acreditar que as coisas possuem um pingo de verdade. por vezes, nada me parece real. por vezes, nada é real. nesses momentos, em que nada me trás paz, sinto a presença de algo que não consigo negar. algo que não consigo dizer que seja falso. a presença de Deus, em mim, é algo que não consigo entender. porquê eu? não sou especial. não sou bonito, bondoso nem mesmo compreensivo. no entanto, Deus estica-me a mão. sei que toda a minha vida fui guiado. no meio da selva, pela floresta, densa, que é o meu pensamento, encontrei-te. todas as curvas, retas e rotundas que percorri, ou não, levaram-me a ti. sol que dás vida ao jardim infinito ao qual chamo de esperança, gostava de te conseguir abraçar. sei, através de Icarus, que se voar alto e me aproximar de ti irei sumir permanentemente do mundo que nos rodeia. no entanto, a vontade que tenho de te ter nos meus braços é tanta que mesmo sabendo que irei arder por isso abraço-te. se finais forem os momentos em que te tenho, que seja a minha morte o inicio de um romance eterno. que dures, irradies e dês vida até nos voltarmos a encontrar. espero-te nesta e em todas as outras vidas.
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