quarta-feira, 7 de agosto de 2024

as lágrimas que derramo por ti,

caem sobre o vasto oceano,

azul, mas já não tão azul.


se a pintar pudesse exprimir,

as angustias que o coração sente,

começaria por te pintar a ti,

sombra que me persegues.


numa tela branca,

já só vejo preto,

a raiz do problema não é a vista,

nem mesmo os óculos desactualizados que já nem uso.


a origem dos meus medos,

e as fobias que se foram originando,

advêm do fruto do pecado.


mesmo sem conseguir andar já corria...

corria dos meus problemas,

fugia de ti,

tu que és parte de mim.


sei que sou tanto teu,

como tu és meu,

sei, também,

que sou fruto de amor maligno.

a pior forma de se amar,

acontece quando não amamos de todo.

o pior mentiroso não é aquele que faz os outros acreditar,

mas sim aquele que acredita nele mesmo.


não sei se sou original,

nem mesmo real,

não sei saber,

nem querer.


para crer nem sempre basta ver,

e, as vezes, cremos sem ver nada.


se ver nada é credível,

talvez não seja cego de todo,

quem sabe, talvez um dia me encontre,

e me reconheça quando olho o espelho.


se o que é maquiavélico me é natural,

respiro toxinas para sobreviver.


o sangue que corre nas minhas veias congelou,

juntamente com o que ousei sentir.


não acredito mais no amor,

não por não o ver,

ou por não o sentir,

mas porque acreditar, no amor,

requer que se acredite,

e disso já estou eu farto.


recuso-me a acreditar mais,

nem nos outros nem em mim,

não acredito sequer em não acreditar.


um dia, encontrar-me-às numa ponte, velha,

a olhar para o rio que passa por baixo dela.


até lá, permanece descrente e catatónico.

até lá, permaneço vazio.

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