segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Sou uma agulha num palheiro,

Ninguém me vê, ninguém me olha.


Se desejar fosse um pecado,

Seria pecador supremo,

Afogado na ânsia por sentir algo.


Amor, amor que me trais,

Que me testas e desiludes,

Porque me assombras passado tantos anos?


Quero dormir eternamente,

Quero paz permanente.


Encontro-me ausente de vida,

Encontro-me perdido,

Os meus sonhos são reflexo do passado.


Visões amargas e traiçoeiras,

Levam-me no engodo que é imaginar,

Grito, grito e berro. Nada nem ninguém me escuta.


Parece que falamos línguas diferentes,

Ou, talvez, faltem línguas a muitos,

Pois quando falam a boca abre mas só sai de lá ruído,

Ruído para os meus ouvidos e para a minha alma,

Cada vez mais fria e desconsolada.





O fim está próximo,

Próximo de mim,

Este fim, que é só meu,

Aguarda para me segurar nos seus braços.

Morte fria, mas desejada,

Leva-me para o outro lado,

Acaba com a minha inutilidade,

Dá paz aos que por mim se preocupam.


O peso das responsabilidades, das críticas e expectativas é demasiado,

Embora tente, tente e tente, nada muda,

Permaneço inerte e catatónico face ao que acontece. 


Gostava de chorar, talvez isso me aliviasse.

Não consigo chorar mais,

O meu poço secou,

A água desapareceu, levando com ela todas as minhas esperanças.


Os meus sonhos, melancólicos e monótonos,

Retratam uma vida onde já não existo.

Não minto quando digo que anseio para que isso aconteça.


Estou com frio e já não vejo nada à frente,

Olho para trás e vejo a mesma coisa... nada.

Sou só mais um que nada sem objectivo,

Para além de sobreviver.


Se não me permito viver,

Para quê respirar?

Para quê tentar?


Agonizo acompanhado pela solidão e o vazio à minha volta.

domingo, 27 de fevereiro de 2022

O tempo faz com que vá desaparecendo aos poucos,
Então mato-me para que suma de uma só vez,
Eu e todos os que fui gritamos em sintonia,
Gritamos até ficarmos roucos,
Amaldiçoou quem assim me fez,
A morte toca-me a sua sinfonia e nela encontro harmonia.

O tempo vai passando,
Enquanto eu vou caindo,
Cada vez mais fundo pelo limbo escuro,
Que triste e solitário é este pensamento obscuro.

Gostava de ser normal, mas não sou,
Gostava de me entregar, mas não me dou,
Gostava de ficar, mas a força abalou,
Gostava de gostar, mas o meu coração parou.

E se o propósito é nulo,
Eu sou mais vazio ainda,
E, todas estas palavras que articulo,
Demonstram a ausência na minha vinda.

Talvez ganhe coragem para o fazer,
Ou, talvez, a coragem seja cobardia,
Tudo o que sei é que a minha alma permanece fria,
Quem me conseguir esquecer,
Sim, que me dera conseguir apagar da minha mente,
Os fracassos e frustrações,
Mas, nunca fui crente,
Nem nunca recorri a orações.

Ninguém me entende,
Já nem isso me surpreende.