Existe grandiosidade na
fraqueza.
Sou fraco por natureza,
Pequeno na minha certeza,
De que um dia serei
alguém de verdade.
Não quero ser mais uma
alma revestida,
Nem prisioneiro da minha ingénua
realidade,
Que me nega a
possibilidade a uma vida,
Onde possa inocentemente ser
eu próprio,
Despreocupado da
possibilidade de ser impróprio.
Ser-se impróprio quando
simplesmente somos,
É o mesmo que nos
impormos,
Numa casa que não nos
pertence,
Por muito que se tente, a
morte não se vence.
A morte adia-se quando a
vida se prolonga,
Noite que me alonga esta
insónia,
Cruel, cíclica e que
nunca faz cerimónia.
A geada é debilitante e
longa,
Debilitante como uma alma
amputada,
Longa como a própria existência,
Deprimo na minha decadência,
Divago ao ouvir a balada,
Que criei para lidar com
a solidão.
Fui fantoche e
titeriteiro simultaneamente,
Acredito que o coração
nunca mente,
Mente somente quem
estende a distorção.
A verdade nem sempre é bem-vinda,
Nem sempre é desejada.
As pétalas caem com propósito,
Já eu, vivo sem ele,
Não por escolha, mas por
estar perdido.
“As folhas servem como um
depósito,
Para tudo aquilo que não cabe
mais dentro dele”,
Ao relembrar estas
palavras, apaziguo o ruído.
Talvez um dia seja quem
quero ser,
Quem sabe um dia aprenda
a entender,
Aquilo que os meus
sentidos me fazem questionar.
Sei que um dia me vou
tolerar,
Até lá, trabalho por um
futuro melhor,
Para mim e para o meu
redor.
O que somos para nada
interessa,
Se não houver alguém que
nos olhe,
Que nos ouça e que nos
toque.
Sinto que sou apenas uma
peça,
De um puzzle que nunca
encolhe.
A morte aguarda que
sufoque,
Na incapacidade de pagar dívidas
vitalícias,
A sociedade transforma
sonhos em delícias,
Prontos para o consumo
alheio.
Estes são os pensamentos
com que me rodeio.