quinta-feira, 7 de novembro de 2024

quando escrevo canto,

com palavras encanto,

com meias verdades escondo,

exatamente o mesmo que confesso,

e, quando me expresso,

mergulho para o fundo,

do meu ser.


há quem beba para esquecer,

há quem se ocupe para não pensar.

não quero esquecer,

quero continuar a pensar,

então bebo o sumo da minha memória

enquanto penso na cara dela.


já nem olho pela janela,

vivo ausenta de glória.


não me banho,

não como.

a minha vista, tapada pelo fumo,

revela tudo o que já não tenho.


a chama que ardia,

ainda arde,

por vezes, mais forte em que o dia,

que nos encontrámos ao final da tarde.


na ausência de companhia,

encontro o conforto da solidão.

estou só mas não estou sozinho,

imagino quando no meu ouvido ainda ouvia,

o bater do seu coração,

forte e feito de linho.



Sem comentários:

Enviar um comentário