quando escrevo canto,
com palavras encanto,
com meias verdades escondo,
exatamente o mesmo que confesso,
e, quando me expresso,
mergulho para o fundo,
do meu ser.
há quem beba para esquecer,
há quem se ocupe para não pensar.
não quero esquecer,
quero continuar a pensar,
então bebo o sumo da minha memória
enquanto penso na cara dela.
já nem olho pela janela,
vivo ausenta de glória.
não me banho,
não como.
a minha vista, tapada pelo fumo,
revela tudo o que já não tenho.
a chama que ardia,
ainda arde,
por vezes, mais forte em que o dia,
que nos encontrámos ao final da tarde.
na ausência de companhia,
encontro o conforto da solidão.
estou só mas não estou sozinho,
imagino quando no meu ouvido ainda ouvia,
o bater do seu coração,
forte e feito de linho.
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