terça-feira, 5 de abril de 2022

    Sinto-me perdido. Sinto que não me sei expressar, que não me sei relacionar. Os dias passam e em todos eles visitas o meu pensamento. Não sei porquê, é óbvio que sou só mais um brinquedo, mais um substituto ou, talvez, uma fuga à solidão. 

    Quando não precisas de mim, descartas-me. Quando não precisas de mim, eu morro. Talvez seja esse o meu propósito, ser usado, ser devorado e triturado por monstros que pouco ou nada se preocupam. A raiva vai crescendo, vai subindo e eu vou com ela. Sei que eventualmente a razão irá perder para a emoção, que o desespero reinará face à esperança. 

    A culpa é minha. Dou às pessoas aquilo que elas nunca merecem de mim. Apego-me, entrego-me e rendo-me à vontade doentia de pessoas emocionalmente desreguladas. Já não quero morrer. Decidi saborear a morte apenas quando reinar no mundo dos vivos. Aí, só aí, me renderei ao desejo sádico que carrego desde adolescente. 

    Acredito que tudo o que semeamos acabamos por colher, embora que nem sempre assim o seja. As pessoas já não me dizem nada. Amigos, família e até mesmo tu. Por mim podiam todos morrer juntos numa vala. Sentir-me inútil foi um erro estúpido que cometi. Como posso ser eu inútil? Inúteis são aqueles que fizeram de mim um monstro. E juro por todos aqueles que morreram antes de mim, o mundo vai pagar caro por tudo o que me fizeram    

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