sábado, 2 de abril de 2022

morte que me persegues,

passei a odiar-te,

deixa-me que te diga, tu consegues!

diz me alguém que reside em Marte.


morte é ausência de ser

e eu? quem sou?

sei que estou onde não quero estar,

e que já nem quero viver,

pois ainda cá estou,

pois tenho algo onde me agarrar.


em breve, muito breve,

esse algo irá sumir,

e só ai poderia então partir,

em esperança que o espírito eleve.


a física das coisas não me entra no miolo,

só, com frio, desconsolo,

na amargura que é existir sem propósito,

secou o depósito,

a fé que nos outros deposito,

é desadequada e mal direccionada.


a direcção do volante quebrou,

a tela ficou somente escura,

triste é o destino de quem se renegou e privou,

e que fez da emoção uma pedra não tão dura,

não tão seca e sem cor,

mesmo assim, não sinto amor,

não sinto de todo.


fui ao engodo,

tropecei em trapaçarias alheias,

a cabeça fui enfiando nas colmeias,

onde fui picado e devorado,

por zombies disfarçados.


após ter colocado inúmeras máscaras,

já não sei qual é a minha.


umas mais baratas, outras mais caras,

mas todas as pessoas têm um preço,

sorri enquanto me tinha,

mas agora, que deixei de ser meu,

meto-me de joelhos e peço,

rezo pelo mesmo deus que o teu.




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