terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Por muito que tente ser genuíno e honesto, acabo sempre por ser usado. Não consigo entender o motivo, talvez sejam vários. No final do dia, tenho uma mão cheia de nada. De tando nadar no vazio, transformei-me em alguém que não é, alguém. Fernando pessoa disse, dorme que a vida é nada! Penso em estar em sintonia com ele. Não sou nada nem ninguém. Ou talvez seja uma sombra do que fui. De qualquer das formas, resta-me chorar pelas desilusões constantes. Tenho motivos suficientes para desistir de pessoas, mas não o faço. Porquê? Dou em doido de tanto bater com a cabeça nas paredes. Gostava de ser igual aos outros, mas não sou. 

Deram-me vida e colocaram-me neste mundo sem o meu consentimento. Gostava de estar acompanhado, nem que fosse num só momento. O tempo não cura nem sara. O tempo faz de mim um ser mais catatónico e inerte. Aos poucos, vou deixando de sentir tanto. Aos poucos, vou perdendo o pouco que sobrou da minha esperança. Esperança por dias melhores? Vejo apenas dias piores. 

Sempre que acordo, estou cansado. Sempre que durmo, tenho pesadelos. Talvez mereça estar só. Talvez seja este o resultado de inúmeros falhanços. Quem sabe, de verdade? Sou um homem alto, mas pequeno. Sou aquela pessoa que não aprende. Por muito mal que me façam e por muitas vezes que me usem, continuo a confiar. 

As pessoas não prestam. Mulheres que decidem estar com homens que as manipulam e que nem pouco querem saber delas. Bonecas de sexo não insufláveis por escolha própria. Pessoas como eu estão destinadas a assistir a histórias iguais vezes sem conta. Nada posso fazer se não assistir. Surge em mim uma revolta. Não compreendo o motivo que leva pessoas a estarem com quem lhes faz mal. Será um falso senso de merecimento? Ou será apenas amor estragado? Os anos passam e não chego a nenhuma conclusão. Embora não me veja assim, chego à conclusão que sou inferior a esses homens e que sou pior que eles. Afinal de contas, porque fico sempre para segundo plano?

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