Cidade vazia:
rio desaba no vasto oceano, lua que nos circunda todo o ano, balas que me atingem e não causam dano, ouço algo belo. talvez sejam notas de piano.
casa solitária no meio de um lago, buscar sentido em todo o lado é vago, a sabedoria era maior em momentos passados, tempos em que bailava ao som de outros fados.
esta estação, que é somente tua, expôs a verdade nua e crua, sou uma marionete que controlas, sou o pedaço de terra debaixo das tuas solas.
momentos que duram para a eternidade, sentimentos com continuidade, nunca te privei de liberdade, sempre falei com honestidade.
esta cidade que foi, em tempos, nossa, perdeu o brilho com a tua ausência, amor substituído por ciência, vejo o meu reflexo numa possa.
a verdade do que nunca foi dito, nunca me será dada, digo e cito, "não se passa nada".
vista tapada com um pano, magoa e causa dano, este pano que tento tirar, podias ter sido tu retirar.