segunda-feira, 1 de setembro de 2014


Perco-me cada vez mais no mar de pessoas e ideais que percorrem o meu pensamento. Penso, e reflicto. Quem sou eu? Sou tudo, mas não tudo. Sou nada,
mas não nada. O que nós somos é algo que muda constantemente. De acordo com as situações somos pessoas diferentes. Isso é o normal. Rasgo a minha pele em
busca de uma resposta. Quem é o meu verdadeiro eu. Numa centena de cabeças qual será a minha? Será que nunca ouve uma primeira? Será que nasci assim? Não...
quando era mais novo apenas uma voz me falava na consciência. Agora são muitas. Não sou o Henrique. Não tenho nome. Sou algo que não merece ter nome... Sou
uma criatura que reside no ponto negro da visão do ser comum. É para mim um mistério de como tal ser consiga atrair tanta luz para um buraco escuro como
este em que vivo. Vejo mãos de seres divinos aos quais chamo amigos a agarrem nas minhas com tal gentiliza e amor. Tento cair mas não consigo, a luz atrai-me
, a luz não me deixa cair e prende as minhas mãos às deles. Seres divinos a tocarem na escuridão para me libertar. Por mais que me tentem puxar nunca vão
totalmente conseguir. Tenho uma corda a prender a minha perna que não me deixa subir. Tenho a faca na outra mão, mas por algum motivo o meu braço não se
move. Dou gritos de raiva. Como ultimo recurso recorro a poções mágicas. Hihihi. Mal tomei a poção senti algo em mim nunca antes sentido. Força para tomar
acção. Sai do buraco. Negro num fundo branco. Depressa o negro tornou-se branco. Pude fundir-me com os outros seres iluminados. Reparo que... a minha luz
é fraca, uma luz falsa... Exposto à luz verdadeira a minha encolhe. Nunca poderei passar esta barreira. O negro falará sempre mais alto que o branco.
Volto para o buraco... Triste... Sozinho... Oiço vozes. "Eu sabia que não conseguias", "Seu bocado de esterco", "Não fujas àquilo que és". Com velocidade
o volume do mar aumentou, deixado apenas vestígios de uma casa. Plano nas fileiras de mar salgado que agora passa a ser o meu petróleo. Alimento me de
vozes que sussurram mais alto que a minha. Transformo-me totalmente em várias pessoas. Todas ocupam um bocado de mim. Usando-me à vez. Determinando em
que circunstancias me ocupariam. Desvaneço naquilo que outrora fui.

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