segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Reflectindo no pensamento ou pensando no reflexo
Ao espelho vejo um produto inacabado
Ao contrário de quando te tinha, estou agora acabado
Olho para ti e fico preplexo
Preplexo com a luz que transmites com um simples sorriso
E me fazes ter um sorriso que obtenho com o teu riso
Fico triste ao pensar que te fiz sofrer
Sei que nunca vais realmente entender
Não o peço que o faças, peço que acredites em mim sem sentir ameaças
Errar é humano e sei que não o esperas de mim pois para ti nunca fui um humano qualquer
Espero pelo teu perdão, e sei o quanto isso requer
Quero voltar a olhar-me ao espelho e ver-te a meu lado
Pois sem ti sei que não hei de chegar a nenhum lado
Não é que não consiga
Mas simplesmente fico com fadiga
Fico cansado e sem forças
Fico à espera que me ouças
Por isso te escrevo, esperando algo em troca
Ainda com esperanças de voltar a sentir os teus lábios na minha boca
Não na de outros, só na minha
Quero voltar a traz, quando ainda te tinha
Sonho ainda acordado à luz do luar
Impedido de dormir pela sombra que ocupas no meu pensamento
Não sei quem estou a tentar enganar
Agora sei o que significa estar sentado sem assento.
Num mundo em que as escolhas são muitas, a liberdade é condicionalmente limitada e o ruído é demasiado, instala-se confusão em cada um de nós. Pensamos que somos livres, temos opções de escolha e somos independentes. A verdade está subentendida na nossa realidade. Com isto digo que a liberdade é limitada pois ao contrário do que pensamos involuntariamente, estamos engaiolados pelas leis, críticas, sociedade e acima de tudo, nós próprios. Somos livres de fazer o que desejarmos se não formos contra os requisitos impostos pela sociedade. Se tentamos ser algo considerado impossível somos vistos como malucos, se pensarmos de forma diferente somos errados, se agimos de forma correcta e verdadeira somos ingenuos. Podemos escolher o que comer, quando comer, onde comer mas não como comer. Somos livres de vestirmos o que desejar-mos mas não de ser-mos chamados de "diferentes" ou "estranhos". Na sociedade que em vivemos somos realmente livres em escolhas mínimas. Vivemos numa sociedade onde rótulos são postos nas pessoas. Olha o "anormal", olha o "giro", "olha o tímido". O engraçado é que nós não escolhemos com o que nos rotulam. Somos cada vez mais aquilo que os outros queiram que nós sejamos e não aquilo que queremos ser. Queremos ter uma profissão que provenha sustento a nós próprios e à nossa família. Queremos dinheiro. Dinheiro traz felicidade. Mas trará mesmo? Poderá uma felicidade temporária ser superior a uma felicidade eterna? Estudar, Estudar, Estudar, Trabalhar. São nos impostos certos requisitos e certos estandartes que temos que cumprir. Compramos objectos, ficamos felizes. Compramos entretenimento. Será? Não. O entretenimento tal como a felicidade é um efeito secundário de uma acção. De uma concretização. A verdadeira felicidade provém de agirmos como achamos correcto. De fazer algo que nós torne úteis. De ajudarmos os outros sem receber nada em troca.

Perco-me cada vez mais no mar de pessoas e ideais que percorrem o meu pensamento. Penso, e reflicto. Quem sou eu? Sou tudo, mas não tudo. Sou nada,
mas não nada. O que nós somos é algo que muda constantemente. De acordo com as situações somos pessoas diferentes. Isso é o normal. Rasgo a minha pele em
busca de uma resposta. Quem é o meu verdadeiro eu. Numa centena de cabeças qual será a minha? Será que nunca ouve uma primeira? Será que nasci assim? Não...
quando era mais novo apenas uma voz me falava na consciência. Agora são muitas. Não sou o Henrique. Não tenho nome. Sou algo que não merece ter nome... Sou
uma criatura que reside no ponto negro da visão do ser comum. É para mim um mistério de como tal ser consiga atrair tanta luz para um buraco escuro como
este em que vivo. Vejo mãos de seres divinos aos quais chamo amigos a agarrem nas minhas com tal gentiliza e amor. Tento cair mas não consigo, a luz atrai-me
, a luz não me deixa cair e prende as minhas mãos às deles. Seres divinos a tocarem na escuridão para me libertar. Por mais que me tentem puxar nunca vão
totalmente conseguir. Tenho uma corda a prender a minha perna que não me deixa subir. Tenho a faca na outra mão, mas por algum motivo o meu braço não se
move. Dou gritos de raiva. Como ultimo recurso recorro a poções mágicas. Hihihi. Mal tomei a poção senti algo em mim nunca antes sentido. Força para tomar
acção. Sai do buraco. Negro num fundo branco. Depressa o negro tornou-se branco. Pude fundir-me com os outros seres iluminados. Reparo que... a minha luz
é fraca, uma luz falsa... Exposto à luz verdadeira a minha encolhe. Nunca poderei passar esta barreira. O negro falará sempre mais alto que o branco.
Volto para o buraco... Triste... Sozinho... Oiço vozes. "Eu sabia que não conseguias", "Seu bocado de esterco", "Não fujas àquilo que és". Com velocidade
o volume do mar aumentou, deixado apenas vestígios de uma casa. Plano nas fileiras de mar salgado que agora passa a ser o meu petróleo. Alimento me de
vozes que sussurram mais alto que a minha. Transformo-me totalmente em várias pessoas. Todas ocupam um bocado de mim. Usando-me à vez. Determinando em
que circunstancias me ocupariam. Desvaneço naquilo que outrora fui.