quarta-feira, 28 de setembro de 2022

como um grão de areia é,

insignificante ao ponto de ser dispensável,

sou-o também.

as raízes da minha amargura são profundas,

a razão do meu disfuncionamento é um mistério,

e, eu, sou tão misterioso como interior de um ovo kinder,

tão pequeno como uma formiga,

invisível como uma bactéria.


as pedras que compõem a calçada têm um propósito,

e, se pensarmos bem, um significado,

significado este relativo a quem as observa,

a quem as julga.


custa manter os olhos abertos,

custa manter os braços erguidos,

a cada dia que passa, encolho,

sei que me tornarei mágico quando sumir de vez,

talvez ai me encontre,

nesse vazio que é a solidão.


terça-feira, 27 de setembro de 2022

quando te olho:



as borboletas dançam na minha barriga,

desde o momento que te tornaste minha amiga,

hoje em dia, percebo que nunca havia amado,

pois, só agora, passado cinco anos da nosso encontro,

compreendo o que sempre foi evidente,

deixei de cantar o mesmo fado,

cessei de procurar amor noutro,

comecei a focar-me no presente.



quando estou contigo, sinto como se tivesse voltado a dormir,

porque somente um sonho pode produzir alguém tão perfeitamente imperfeito,

rir é me natural quando estou na tua presença,

e ,ao pensar, em ti começo logo a sorrir...

só mesmo tu para me fazeres sentir assim quando me deito,

até quando a cabeça está carregada de descrença.



penso em ti todos os dias,

aqueces-me até nas noites mais frias,

gostava de retribuir um dia tudo o que provocaste em mim,

vá por onde vá, só cheiro jasmim.



a fragrância da tua alma é aconchegante,

no meio da multidão, identifico-te num instante.



todas as manhãs são homenagem à tua existência,

tudo e todos, se rendem à tua beleza,

és, para a vida, essência,

és a água nos canais de Veneza.


adoro-te com tudo o que sou,

o que me fazes sentir é aquilo que te dou.