sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

 Fumo o cigarro até ao filtro.

O meu olhar, distante e solitário,

Faz com que nem consiga ver o meu reflexo.

Quando olho para dentro, vejo-te.

Por muito que enterre as nossas memórias,

Elas vêm sempre ao de cima,

Como se negassem a morte que é inevitável.

 

Os anos passam e eu envelheço,

Consciente da verdade indiscutível.

Nunca mais te irei ver,

Nunca mais irei sentir o teu odor,

Nem nunca mais te vou sentir.

 

A amargura da vida é mais forte que o sabor de qualquer doce,

A vida é azeda. Não azeda como eu,

No entanto, todos a querem viver.

Permaneço cético face ao motivo que me faz levantar,

Será esta a minha vontade?

Ou serei apenas só mais uma maquina,

Programada para continuar?

Mesmo quando tudo é mau,

Ou quando tudo é preto,

Não desisto.

Porquê?

Talvez viva por cobardia,

Ou, talvez, nem esteja a viver de todo.

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