Fumo o cigarro até ao filtro.
O meu olhar, distante e solitário,
Faz com que nem consiga ver o meu reflexo.
Quando olho para dentro, vejo-te.
Por muito que enterre as nossas memórias,
Elas vêm sempre ao de cima,
Como se negassem a morte que é inevitável.
Os anos passam e eu envelheço,
Consciente da verdade indiscutível.
Nunca mais te irei ver,
Nunca mais irei sentir o teu odor,
Nem nunca mais te vou sentir.
A amargura da vida é mais forte que o sabor de
qualquer doce,
A vida é azeda. Não azeda como eu,
No entanto, todos a querem viver.
Permaneço cético face ao motivo que me faz
levantar,
Será esta a minha vontade?
Ou serei apenas só mais uma maquina,
Programada para continuar?
Mesmo quando tudo é mau,
Ou quando tudo é preto,
Não desisto.
Porquê?
Talvez viva por cobardia,
Ou, talvez, nem
esteja a viver de todo.
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