segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

 

Não me visites nos sonhos,

Tu que pintas as paredes tu do meu quarto de roxo,

Tu, sim tu que transcendes o espaço e o tempo que nos circunda.

 

As coisas acontecem de forma aleatória,

Torno-me um pouco mais maleável,

Para que aceite melhor aquilo que não escolho.

 

Voa alto,

Afunda-te no meu pensamento,

E deixa-me sem me avisares.

 

Sou apenas só mais um,

Mais um prego no caixão,

Que te acolherá no termino da vida.

 

Por isso, sê tu mesma,

Pois és tudo aquilo com que sonhei,

Tudo aquilo que sonho e sonharei.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

 Fumo o cigarro até ao filtro.

O meu olhar, distante e solitário,

Faz com que nem consiga ver o meu reflexo.

Quando olho para dentro, vejo-te.

Por muito que enterre as nossas memórias,

Elas vêm sempre ao de cima,

Como se negassem a morte que é inevitável.

 

Os anos passam e eu envelheço,

Consciente da verdade indiscutível.

Nunca mais te irei ver,

Nunca mais irei sentir o teu odor,

Nem nunca mais te vou sentir.

 

A amargura da vida é mais forte que o sabor de qualquer doce,

A vida é azeda. Não azeda como eu,

No entanto, todos a querem viver.

Permaneço cético face ao motivo que me faz levantar,

Será esta a minha vontade?

Ou serei apenas só mais uma maquina,

Programada para continuar?

Mesmo quando tudo é mau,

Ou quando tudo é preto,

Não desisto.

Porquê?

Talvez viva por cobardia,

Ou, talvez, nem esteja a viver de todo.