domingo, 26 de abril de 2020

O ato de voar faz me imaginar como seria existir livre. Longe das preocupações. Se algum dia voltasse a voar, com as minhas próprias asas, procuraria ser um observador passivo. Imagino-me a planar pelas cidades, pelos campos, pelo mar. Questiono-me, o que aprenderia se o fizesse? Seria, eu, capaz de minimizar o desconhecido? Desde jovem que senti uma vontade enorme de consumir conhecimento. Nunca vi algo novo como algo inútil, pois tudo pode ser útil, consoante o contexto. Este desejo, meu, foi esquecido durante alguns anos, mas hoje quero saber. Saber o que soube na minha infância. Quero poder partilhar, com os que amo, as alegrias da vida. Quero poder apoiar e quero poder apoiar-me. Penso que é clichê dizer que "gostaria de mudar o mundo", mas eu quero. Não sozinho, como é obvio. Quero agarrar o presente. Quero viver, sorrir e sofrer. Quero ir ao encontro do que o tempo me guarda. Quero unir todos os meus eu's num só. Quero ser todos, ao mesmo tempo. Quero criar novos eu's. Quero abraçar e reconfortar-me, sempre que possível. Quero ter as asas que perdi. Quero voar. Comigo e contigo. Quero reviver o que morreu para o tempo. O que morreu com o tempo, mas que não morreu para mim. Quero tantas coisas, mas de todas estas coisas a que mais quero é voar, pois voar é ser feliz.

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