quinta-feira, 30 de abril de 2020

estou envolto numa manta de escuridão,
penso em demasia sem razão,
preso no meu próprio roupão.

esperança que com o tempo morre,
rapaz que só corre,
tempestade que nunca acaba,
casa que desaba.

de repente, surge uma luz radiante,
calor que me penetrou,
dia escuro que acabou,
conheci a minha cavaleira andante.

personalidade percebida,
mente compreendida,
mais preciosa que qualquer anele.
emoções à flor-da-pele,

sinto-me atraído pela energia que libertas,
as portas da minha casa, para ti, estão sempre abertas,
adoro o afeto que em mim despertas.


domingo, 26 de abril de 2020

O ato de voar faz me imaginar como seria existir livre. Longe das preocupações. Se algum dia voltasse a voar, com as minhas próprias asas, procuraria ser um observador passivo. Imagino-me a planar pelas cidades, pelos campos, pelo mar. Questiono-me, o que aprenderia se o fizesse? Seria, eu, capaz de minimizar o desconhecido? Desde jovem que senti uma vontade enorme de consumir conhecimento. Nunca vi algo novo como algo inútil, pois tudo pode ser útil, consoante o contexto. Este desejo, meu, foi esquecido durante alguns anos, mas hoje quero saber. Saber o que soube na minha infância. Quero poder partilhar, com os que amo, as alegrias da vida. Quero poder apoiar e quero poder apoiar-me. Penso que é clichê dizer que "gostaria de mudar o mundo", mas eu quero. Não sozinho, como é obvio. Quero agarrar o presente. Quero viver, sorrir e sofrer. Quero ir ao encontro do que o tempo me guarda. Quero unir todos os meus eu's num só. Quero ser todos, ao mesmo tempo. Quero criar novos eu's. Quero abraçar e reconfortar-me, sempre que possível. Quero ter as asas que perdi. Quero voar. Comigo e contigo. Quero reviver o que morreu para o tempo. O que morreu com o tempo, mas que não morreu para mim. Quero tantas coisas, mas de todas estas coisas a que mais quero é voar, pois voar é ser feliz.

domingo, 19 de abril de 2020

tu:

escrevo mais uma canção,
canto sempre o mesmo refrão,
escrevo e descrevo o meu interior,
pinto-me sempre da mesma cor,
independentemente da razão,
tu tens o meu coração.

amar sem motivo,
momentos que revivo,
emoção à flor da pele,
perfume que repele,
mel que satisfaz,
sentimento de paz

assim me sinto,
quando contigo convivo,
banho termal em rosas vermelhas,
caráter distinto,
aprecio o cultivo,
cabelo por detrás das orelhas.

lembro-me de tudo,
alturas em que era mudo,
de não dizer o que queria dizer,
ver para crer,
palavras omitidas,
partidas revestidas.

beijo os teus olhos lacrimantes,
adoro-te desde os primeiros instantes,
instantes esses que replico,
instantes esses que me fazem rico,
rico em gratidão e satisfação,
rico em ti, rico em emoção
será que pensas em mim?
será que te preocupas comigo?
nestas noites sinto-me tão sozinho,
minto a mim próprio e digo que sim,
imagino que estou contigo,
troca de carinho,

orquídeas brancas tornaram-se vermelhas,
dieta à base de castanhas,
mergulho em apneia,
mar de areia,

não consigo dormir,
madrugadas a refletir,
será que podemos remendar corações?
errar sem receber sermões?

a fadiga vai aumentando,
quanto mais vou aguentar?
colapso emocional,
não sei, mas vou tentando,
quanto mais tempo tenho que esperar?
fila de espera ordinal.

a minha chama relembra-me um isqueiro,
a tua relembra-me um incêndio,
ao te procurar, perdi o meu compêndio,
o meu único parceiro,

há pessoas que não conseguem falar sem rir,
sinfonia insana,
e aqui estou eu, incapaz de sorrir,
abandonado a um fim-de-semana,

as notas das tuas gargalhadas,
sempre me dão algum consolo,
recrio, no meu pensamento, o que aconteceu,
melodias refinadas,
quando acordo, só, sinto desconsolo,
saudades do que era nosso e não só meu.

quinta-feira, 16 de abril de 2020

parabéns querida,
felicidades para ti e para a pessoa referida,
devia ter-te beijado enquanto caminhávamos à chuva,
saboreio, uma ultima vez, as tuas palavras,
eu morro quando ele te leva a casa, chapada com luva,
o campo que só tu lavras,
tempo passado esquecido,
o tempo, por mim é revivido,
e assim foi, tal como disseste,
pensei que nunca aconteceria, mas assim o fizeste,
o sol foi apagado pelo vazio,
nenhuma chama arde infinitamente,
foi alivio que o sol sentiu,
quando a luz desvaneceu, presenciei a morte de um crente,
aquele que sempre se guiou pela luz,
aquele que seguiu a cruz, morreu pela cruz,
quem sou eu? um homem que sentes ou o teu maior erro?
empurraste-me para a escuridão,
tempos que foram e já não são,
assisti ao meu próprio enterro,
o sangue que me mantem vivo arde, revoltado,
cão mal-tratado,
no final de tudo o que aconteceu,
não consigo parar de te olhar,
o rapaz que nunca esqueceu,
o homem que continua a cultivar,
o solo que deixaste abandonado,
orgulho refutado,
olhos secos e lábios rebentados,
quadros furtados,
realidade que aceito,
pois nada mais posso fazer,
gostava de ser como tu e esquecer,
mas não sou, não tenho o teu jeito,
porque é que ainda ficas comigo de todo,
porque é que sentes a minha dor, com as palavras que emprestas,
se não significo nada para ti, porque é que cantas comigo,
conheces-me por dentro e por fora, sabes-me todo,
sinto falta das tuas festas,
saudades de quando dormia. dormia contigo.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

"
Voa céu,
até aos braços de quem te espera,
lagrimas podem cair neste momento,
o teu amor é o nosso maior troféu,
louvar para sempre Hera,
deusa da vida, deusa do tempo,
revivo o comer do teu carinho,
enquanto, sozinho, bebo esta garrafa de vinho,
sinto o abraço imortal de uma segunda mãe,
conto de um a cem,
os sinos tocam na tua partida,
espero que o encontres no reino que é agora a tua casa,
bela adormecida,
jarro que nunca vaza,
beijos que nunca morrem,
memorias que me correm,
uma parte de mim sumiu,
peço a quem me ouve que não a deixe sozinha,
agulha entre linha,
deixa que te leve o rio,
para os braços dele,
para os braços dele.
"