quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Vejo os dias a passarem-me à frente. Vejo-os e observo-os sem controle do que vêm amanhã. Nesta cidade sofro, nesta cidade deprimo. As pessoas, as ruas, todos os sítios onde passávamos juntos. Tudo me entristece. Passaram dias desde que te vi mas na verdade já lá vai um ano. Digo isto pois embora te consiga ver não vejo nada. Vejo apenas uma linda cara, uns belos cabelos e um sorriso de orelha a orelha. Ao menos isso. Tu estás feliz. Tal como a areia cai pela ampulheta a minha paciência esgota-se. Estou farto de ver os carros passarem por mim como se nada fosse. Estamos tão concentrados nas nossas insignificantes vidas que não compreendemos o que realmente se passa à nossa volta. Gostava que tomasses conhecimento da minha existência. A água da chuva cai pela minha cara juntamente com as minhas lágrimas que se tornaram escassas. As plantas vão crescendo tal como o meu amor por ti. Independentemente de estarmos afastados os meus sentimentos agravam-se e com o passar do tempo sinto uma mistura de todo. Sinto uma mistura de ódio com arrependimento. Uma mistura de tristeza com uma felicidade amarga. Amarga pois tu estás feliz mas eu continuo a sofrer no meu canto. Penso que por passar tanto tempo no canto tornei-me nele. Tenho medo de deixar de sentir de todo. Tenho medo de ficar igual à uns anos atrás, quando não me importava com nada nem com os outros, perdido na noite sem nenhum sinal que me pudesse guiar pela limitada mas infinita estrada que é a vida. Limitada pois a vida acaba mas infinita pois a vida vai sempre existir. Nem que seja noutro planeta, noutro sistema solar ou galáxia. Penso em ti todos os dias. Aos poucos tornaste-te o motivo da minha existência. Por muito mais que fujas, por muito mais que me evites, nunca vais poder acabar com o meu amor, pois ele é incondicional. Tal como o escorpião que picou a tartaruga enquanto passavam o rio eu acabei com a minha fonte de vida, a minha fonte de felicidade. É irónico pois o meu signo é escorpião. Talvez as nossas acções já tenham sido ditadas por uma força maior. Talvez tenho sido coincidência. Talvez tenha sido assim pois era assim que tinha que ser. Para um bem maior. A tua felicidade. Espero ao frio por alguma mudança. Ideias correm-me pelas veias tal como um relâmpago rasga o céu numa noite escura. Quando finalmente estava a ser feliz, quando as folhas já verdes se exibiam nas árvores tudo acabou. Inocente e jovem como era tornei uma má decisão no que toca à minha felicidade. Grito de agonia e rasgo a minha pele até chegar aos músculos em busca de uma resposta lógica para o porque de me ter auto-destruído. Será assim tão difícil ser feliz ou será que sou eu que o torno complicado? Será que alguma vez tentei o suficiente? Penso para fora quando escrevo pois tudo aquilo que penso não se contenta em ser um pensamento. Para ganharmos algumas coisas temos que perder outras e sempre semeamos aquilo que colhemos. Eu tinha uma bela flor, enterrada no bonito solo preenchido de lindas plantas. Arranquei-a e dei-a a outra pessoas que a estimou possivelmente mais do que eu. Dentro de mim corre um rio. Tal como o ciclo da chuva os meus pensamentos vêm e voltam. Ver o sol já não consigo. Não o consigo encarar. Mas sei que te vou levar no peito até ao fim. Também sei que quando me for dada a oportunidade de ser feliz não a vou desperdiçar, vou agarrar-me à ela tal como uma carraça se prende ao portador. Faço-o pois agora sei que uma vida infeliz não é digna de ser vivida. Sei que se algum dia for feliz vou prender-me a ela com a minha vida em jogo. Prefiro morrer feliz do que viver infeliz. Na minha cabeça os meus pensamentos fazem eco ao invés de acabar por desaparecer. Não me consigo livrar destas ideias e destes sentimentos. Será que algum dia o conseguirei fazer? Só o tempo o dirá. Estou preparado para o futuro

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