mascara colocada meticulosamente,
tardia chegada à estação,
o comboio aguarda a minha chegada,
guia-me para as portas do desconhecido,
apresenta-me ao ceifador.
não hesito,
entro, sento-me e adormeço.
acordem-me somente quando morrer.
com o colocar de cada mascara,
crio camadas protetoras,
camaleão pedestre,
camaleão cobarde.
cobarde de mais para ser o que é,
escondo-me pois é doloroso ser quem sou.
o olhar intrusivo de quem nem me olha,
é fruto de paranoia minha.
se o amanhã tardar a surgir,
dorme.
se custa estar acordado,
dorme.
quando se dorme não se sofre,
quando se dorme não se chora.
e, eu, por medo durmo.
estrada pavimentada com espinhos,
caminho por ela descalço,
nado no sangue que transbordo,
sempre que me cai uma lágrima.
após pensar, extensivamente,
concluo que sou eu o problema,
o motivo de não me inserir,
e a razão para não pertencer,
advém da minha pessoa.
personalidade camuflada,
por mim, cobarde,
triste e só.