tão incertas como a própria certeza,
mas não tão incertas assim,
ou, talvez, coisas que nem coisas chegam a ser,
por chegar prematura a morte do que nunca viveu.
se a grandiosidade fosse algo alcançável, para mim,
acredito que nunca o alcançaria.
não por falta de oportunidades,
nem por falta de tentativas,
simplesmente porque nem sempre o que é alcançável,
é alcançado.
encontro-me confuso.
tão confuso que já nem sei saber,
até mesmo o que sempre soube,
o que sempre me foi real e verdadeiro.
a maré sobe dentro do meu pensamento,
ocupando a minha mente como um parasita,
sufocando a minha língua já ausente de palavras.
penso, tento-me expressar.
falho, caio e grito.
ouvir coisas incapazes de produzir som,
ou ver algo transparente,
faz com que acredite no inconcebível.
o surreal tornou-se real.
o fictício molda a realidade.
se sou o que sou em momentos delirantes,
preferia ser alimento para as minhocas.
incapaz até de me lembrar do que faço,
ausente da noção de mim mesmo.
atiro areia para os olhos,
para que não veja nem o que crio.