quarta-feira, 26 de junho de 2019

   Sempre vivi a vida como alguém que sobrevalorizava o passado, ficava fixado no que podia ter feito, no que fiz de errado, imagens passavam pela minha mente como um filme de curta metragem. Ao chegar à realização de que de nada me server sobrevalorizar o passado, pois nada posso fazer para voltar atrás no tempo, comecei a pensar no futuro. Objetivos, sonhos e metas. Comecei lentamente mas com o passar do tempo o meu desenvolvimento foi positivo e fui progredindo no sentido em que tudo o que fazia era para um futuro melhor, não só para mim, mas para quem conseguisse auxiliar.

   Tudo parecia estar a correr bem, estudava, tinha vontade de trabalhar e finalmente arranjei um trabalho no qual me sentia útil e apreciado. No entanto, não me sentia preenchido, concretizado. Embora se tenham passado anos desde que optei por tentar mudar de atitude face à forma como vivo e lido com a vida parece que nada mudou. Apercebi-me que o passado, tal com o futuro, devem ter um papel importante ao ponto de deixarmos de viver o agora. O que me leva a falar no presente.

    O presente é a linha que separa o passado do futuro. O presente é o momento do agora. Na realidade o que chamamos de presente não passa de uma ilusão pois se formos averiguar, em termos quantitativos, o presente não pode ser vivido, ou pode? Se o presente é uma linha tão curta, sendo nada mais, nada menos, do que milésimos de um só segundo, como é que poderei viver o presente?

   Se formos avaliar, em termos biológicos, todos os animais têm uma função, reprodução. Nós, humanos, sendo animais que se diferenciam de todos os outros devido à sua racionalidade, deveríamos de abordar a vida de forma diferente, na minha opinião. Em vez de o fazermos. estamos a tornar-nos cada vez menos racionais e mais irracionais. Vivemos para satisfazer os nossos prazeres, vivemos para subir o nosso status social e também vivemos para nos reproduzir.

   Será que todas as nossas ações já foram tomadas, subconscientemente, antes de surgir uma cognição? Seremos nós, humanos, vitimas do nosso subconsciente? Se formos avaliar o presente como algo momentâneo podermos então dizer que, na maioria dos casos, todos aqueles que vivem a sua vida com olhos no futuro, onde planeiam alcançar algo, para eles próprios ou outros, estão a deixar o presente escapar pelas palmas das suas mãos? Espirito de auto sacrifício para um bem maior ou não, se nunca vivermos o agora, pondo sempre o passado ou o futuro em primeiro lugar, estaremos nós realmente a aproveitar a vida, como ela foi feita para ser experienciada?

   Seja o objectivo estudos, trabalho, voluntariado, por muito nobre que seja a nossa causa, quanto mais sacrifícios teremos nós, como indivíduos, de tomar para sermos felizes? Não no momento em que compro uma casa, ou ganho a lotaria. Não quando caso ou tenho filhos. Não quando sou contratado ou acabo um curso. Porque é que o ser humano tem que estar constantemente atarefado? Para não pensar? Para não refletir? Porque é o ser humano é tão estupido ao ponto de se deixar escravizar, remuneradamente, para depois chegar ao envelhecimento com um vazio no peito por não ter feito nada das coisas que queria ter feito, devido às suas responsabilidades e funções?

   Penso que se o ser humano tentasse preocupar-se menos com o que foi e com o que está para vir e se focasse mais nos momentos atuais encontraria uma fonte de prazer e gratificação maior.

   Todos procuramos uma razão para viver, chegando até ao ponto de atribuirmos um sentido à nossa existência. Se existe sentido na nossa existência seria apenas isso. Existir. Tudo se encontra no presente. Tanto o passado com o futuro. Pois sem presente nenhum dos outros dois tem significância.


terça-feira, 18 de junho de 2019

Nada pode ser explicado.
Explicações são interpretações,
Individuais ou coletivas,
Algo vivenciado.
Cientificas orações.
Realidades relativas.

Na amargura da incerteza,
Caço a minha preza,
Realidade virtual,
Acontecimento paranormal.

Memórias passadas foram adulteradas.
Sinto os pingos da chuva na minha testa.
Partir, nada me resta.
Ideias renegadas.

Ouço coisas que me levam,
Levam-me para vidas passadas.
Almas reencontradas.
Visões que me elevam.

Não me aflijo ao te perder.
Sei que noutra vida te encontrarei.
Na planície morta te esperarei.
Páginas iram arder.

Não encontro o que é real,
Subjectivo e animal,
Condicional e superficial,
Utópico e virtual,
Plantado como um vegetal,
Incerto mas universal.

Tudo muda, perdido, confuso.
Tudo mudou, pensei que aguentasse a dor.
Estou a ser puxado, levado.
Encarcerado como um recluso.
Não passou de um rumor.
Um escravo contratado.

Chegou a morte,
Cheiro azedo e vazio,
De nada me serviu ser forte,
Afundando num rio.

A chama, cá dentro, ainda arde,
Vai perdendo força com o tempo,
A mente não aguenta, essa é a verdade.
Gostava de lutar contra o tempo.
Sair vitorioso.
Sonhos perdidos e esquecidos.
Silencio harmonioso.
Cenários perdidos.

domingo, 2 de junho de 2019

Violetas crescem no teu jardim,
Trilhos de jasmim.
No teu olhar encontro profunda ternura,
tremenda doçura.
Caminho belo e brilhante.
Cabelo radiante.

Na companhia do teu ser,
reaprendo a viver,
prazer desejado,
amor reforçado.

Cavalos de correm pelos prados.
Corações amados.
Sentimentos duplicados.

Na escura solidão,
encontro o desconforto.
Revivo o nosso encontro,
reencontro-te no meio da multidão.