Por vezes questiono-me
O orgulho é algo necessário?
Pergunto-me o porque de sermos orgulhosos
Não por ser o correcto, mas por ser mais o mais fácil?
Viver uma vida de coisas que podiam ser mas não foram
Tudo porque exigi aos outros que me provassem o contrário.
Então sinto o alcatrão quente apôs um dia de sol com a ponta dos meus pés
Sinto a raiva das gotas que ao caírem gritam
Mesmo quando os braços me falham
Mesmo quando as minhas pernas se ajoelham
Sinto algo mais forte a chamar-me
O que chamo de correcto, o que vejo como verdade
Ao não exigir nada dos outros descobri muito
Descobri que agora, que não exijo, recebo mais
Embora saibamos que quantidade não é qualidade
Refiro-me ao sentido subjectivo da palavra, mais
Embora não queira nada em troca de alguém quando lhe dou uma prenda
Na minha cabeça existe um cenário que espero que aconteça
Um agradecimento, um sorriso
Ao esperar que isto aconteça estarei a exigir um determinado comportamento da outra pessoa?
Se assim o faço, então, gostaria de vos relembrar de que nem isso espero.
O que espero não pode ser determinado por uma simples fantasia
Não posso redescobrir palavras nem alterar os seus significados
Ao dizer que espero algo refiro-me que analisei o possível, visto, a partir da minha mente
Perco horas a viver algo que nunca existiu.
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Acima mencionei que "viver uma vida de coisas que podiam ser mas não foram" devido ao meu orgulho. Gostaria também de transmitir que para além disso também assim o fiz ao não ser orgulhoso.
Isto leva-me a acreditar de que independentemente da nossa forma de viver, ser e estar vai existir sempre algo de que nos arrependeremos. O troque não está em fazer com que os arrependimentos não existam mas sim fazer com que eles não se voltem a repetir.
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Devo muito aos outros
Pois através deles aprendi e cresci
O meu sentido de justiça originou-se através das minhas experiências vividas
Tal como foram, também, reescrevidas por outros indivíduos
O que acho correcto deve-se não ao que me fizeram a mim
Mas o que não fizeram aos outros
Sempre me vi como um ser incompleto
Foi quando parei de olhar para fora
e quando comecei a olhar para dentro
que aprendi
Aprendi a tratar o outro não como ele me trataria a mim
Mas como eu gostaria que tratassem os outros de quem gosto
O que desejo, quero e espero
Também tem que ser tido em conta
Mas, esta tarefa não deveria de ser atribuída somente a mim.
Penso que ao refutar que o bem da comunidade é superior ao meu, exponho-me
Admito que a maioria não vê com os meus olhos
mas, compreendo que alguns sim, alguns vêem com os meus olhos.
Seria ingénuo pensar que um mundo poderia existir
onde todos acreditem que o bem estar do próximo fosse mais relevante do que o nosso
Seria altamente perigoso imaginar algo assim
Pois basta um vislumbre dessa imagem
Para o coração nos conquistar
As nossas mentes mudar e os nossos comportamentos melhorar
Acredito neste mundo, pois, acredito no próximo
Acredito que um dia as próximas gerações se livrem do fardo que carregamos
O peso nas costas do trabalhador escravizado.
A dor nas mãos do humilde pescador
Apenas para alguns se poderem embriagar
Não de álcool mas de tristeza
Pois por muito dinheiro e fama que possamos ter
Nada disso nos enche o coração
E quando disso nos apercebemos
Depressão percorre-nos por dentro
Não temo o sofrimento
Nem rejeito erros
É esta a dádiva de sofrer
Sei que tudo isto, da concepção à morte, tem um sentido
Aprender eternamente
Partilhar é viver
Cresce até ao limite, se este exisgir
Se somos capazes de sonhar
Este sonho somos capazes de concretizar
Pois tudo isto é inerente a qualquer humano
Ao praticar o bem com uma pessoa
Já se passou a semente
Se nunca vivemos até morrer
Qual é o sentido de aprender
Se nunca nos conhecemos
Qual é o sentido de esquecer?
Tudo isto me deixa confuso
Mas o que mais confuso de deixa
É o porque de ter que provar aos outros
O que eles nunca a mim o demonstraram